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O TEMPO (II)

O tempo sulca meu rosto com seu formão antigo molécula por molécula, traço por traço.

O que resiste ao pó é um último abraço.

O velho em mim estica os braços onde me abrigo.

Os rasgos em minha pele, veios sangrados de paixão justificam o ocaso de uma alma com sede de alegria o livro de uma existência fugaz, adornada de poesia escrito por silêncios e gritos, no solar da solidão.


Meus últimos passos tropeçam nas pedras soltas do estio dos fins de tarde onde a luz é parca e não há horizonte. Cego, tateio o infinito, e compreendo que o fim não tem fonte a carne que mastigo é vento com seu gosto acre de vazio.


O tom gris de minhas palavras derradeiro olhar sobre as sobras é o triste retrato de uma paisagem mítica espelho de vozes distantes, eco de sombras que não têm mais música.


Ouço ainda um riso balançar minha cadeira. É um riso antigo, repleto de cores perplexo, sorrio com ele enquanto meu coração dança ao som das luzes últimas das dores

de uma vida inteira.

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