top of page

O TEMPO

Foto do escritor: Pedro StiehlPedro Stiehl

O tempo é uma flor que nunca para de desabrochar.

Suas pétalas são para sempre um beija-flor da flor do tempo estático em pleno voo bebe o néctar do infinito e deixa pingar o que restou.


No interior do tempo na pouca terra cultivável que me cabe plantei um jardim de vozes com minhas mãos mudas um invento um filho concebido nas travessuras do peito na esperança de desabrochar para sempre.


Em vão!


A árvore dos teus frutos não plantei, nem vi florescer minha boca estava cega do que eu não disse meus pés emudeceram de onde não fui

e porque eu não disse e não fui não houve um mundo.


Só há mundo quando um verbo ecoa numa estrada.


Restou somente o orvalho que verte de tuas folhas verdes onde banho minha língua para que fique de tuas manhãs perfumada.


Não olho para trás para não ver teus passos sobre os meus nem as folhas amarelas que vou perdendo cobrindo de outono os teus.


O tempo, esse grito esmaecido pelo nada entalhado em pedra a quatro mãos pelo futuro e pelo passado é o reflexo sólido de um sonho uma estátua da tua pele

desflorada.


Por isso me olha de longe, o tempo com seus raros olhos azuis seu riacho de rancores e nuvens de palavras enluaradas por onde tu fluis.


As mesmas palavras que desenhei na relva para que fossem bebidas pela chuva e descabeladas pelo vento.

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo

EROS

De todos os ritos de todos os ferros os que melhor nos prendem à rocha dos mitos são os os elos dos grilhões de Eros.

POEMA DA NOITE

A vida é um punhado de átomos que a vida tomou emprestado do universo, mas logo devolve. Parece que é o tempo passando mas são só seus...

CORRA, CORRA, CORRA

Corra, corra, corra de tudo até à beira do nunca mais até chegares à fronteira do mesmo nada em que te esvais. Então salta em teu próprio...

Komentarji


Post: Blog2 Post
  • Facebook

©2020 por A literatura de Pedro Stiehl. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page